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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Últimos dias

Já morri tantas vezes
que sonhar é vaidade  miséria em oração
as mãos juntas
perdem o rumo
quando isso estiver terminado
(Um engano)
Eu abraço deus por nós dois

A mulher que me ergueu banhado de sangue
o vidro que cortou a carne no brinde com a insônia
eu posso voltar em pedaços
Mas materno nos braços fico

Afogo no cinza da terra
Há quem espie as portas fechadas do céu 
pássaros trazendo o verão que evitamos
A água desce
os braços levantam
Lençóis brancos
Somatoria

terça-feira, 29 de julho de 2014

Fígados crucificados

Ando pelo vale da minha cabeça onde o sol não chega

Deito no chão ermo com o peito aberto esperando o cuspe de deus

As virgens cantam em oração
Quando a chuva desce
Dobram os joelhos imaturos
Esperando o próximo carrasco

Bebo a solidão estampada nos cacos do meu caos

Ausência dos meus dias os pés descalços no berço da montanha

Os anjos abrem as pernas por menos do que um gota de suor
Se não podemos voar
o sonho vira pesadelo na última hora

domingo, 27 de julho de 2014

Blindada Serra

Queria  os dias de grama verde

Os dias no inferno com areia nos meus pés

O sol rompe o hímen da cidade

É frio ainda na mão que segura

Aceito a proposta de ficar enfiado em mais uma perna

Pentelhos de mulher recém aparados na boca

A boca é privilegio de cada desespero

Ponteiros e ela é meu tempo

Ejaculação e ela retém tudo boca

Vemos pela janela nosso refrão

terça-feira, 22 de julho de 2014

E em todo fim são os ossos mais verdadeiros do que tudo

Punhos fechados
Elmo antigo
Mova-se igual
Não curve-se
Duas ou mais
Não faz diferença
A  mesma terra partida
Sob os corpos quando cai
Saudando os amigos
Da raiz até a alma cubro
Não é a cor que torna-se qualidade
Olhe dentro dos olhos
monossilábico eu faço saudação
Minha terra
Terra de muitos
Terra de ninguém

terça-feira, 8 de julho de 2014

As torrenciais

Nós pensamos que podemos nos banhar numa noite de lua cheia

Pisamos em poças d'águas
Em merda de cachorro
E agradecemos
Deus em sua misericórdia
Ele ignora

Nós pensamos num final feliz em tardes de sol sem desesperos

Traído por quem nossos braços alcançam
No corte do ego
Na impotência de zelo
Eu ignoro

Água sanitária
em nossas bandeiras

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Caucasiana

Se você me pegasse sujo caído no meio fio

Eu estaria sorrindo

Estancado o sangue no nariz, meu chafariz de igualdade pela sua devoção

Com todos os apreços perdidos eu estaria sorrindo

Você usa a saia mais florida no inverno, sob meu cinza, você dança

Perco a minha última gota, meus vômitos no útero da caucasiana banhando a índole, inocência e covardia

Quando um sorriso é suficente entre os olhos
e parto na próximo par de pernas