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terça-feira, 9 de outubro de 2012

A liberdade dos pássaros não passa de ilusão quando a carne cede ao tempo

Perdi para a cidade
o brilho que eu tinha
e por ela agora, só essas luzes

amareladas com seus imperiais
que cavalgam as costas
da classe A de cus frouxos

Embebido em esquecimento
meu amargo é teu doce
que fere a boca que se cala
contra mim foi palavras
atos falhos me fizeram eu mesmo

Ossos metalicos batiam-se
vômitei bebês que escorreram
ao ralo a baixo e se tornaram deus
exaltei a minha fome antes
após isso foi apenas vaidade

Em minhas mãos trêmulas
o copo vazio que enchi do meu eu
que num tropeço no escuro
ainda restava o gole derradeiro

Um comentário:

  1. Bom dia.

    É curioso ler agora esse seu belíssimo poema. Fui criado no Rio de Janeiro e por vezes passava fins de semana em Petrópolis, nos anos 70. Cresci achando que um dia - quando tivesse estabilidade financeira - moraria em Petrópolis, que, na infância, a mim parecia o melhor lugar do mundo.

    Voltei à cidade há menos de um mês. Fiquei por quatro dias e - apesar de ainda a achar belíssima (tirei muitas fotos maravilhosas e visitei, novamente, todos os pontos turísticos 'obrigatórios') - saí com a plena certeza de que eu não conseguiria morar ali. Foi uma surpresa ver meu sonho de infância desfeito de modo tão imediato.

    Parabéns por seu belo poema.

    Grande abraço, poeta!

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